Pé diabetico
Nos últimos anos houve considerável progresso no conhecimento e controle da doença vascular periférica associada ao diabetes mellitus. No passado, o controle clínico era dificultado por uma suposição generalizada e incorreta de que o diabetes estava associado à lesão oclusiva na microcirculação. A análise microscópica de membros amputados de diabéticos e não diabéticos por isquemia não confirmava a existência de lesões nas arteríolas e nos capilares (VEDOLIN et al, 2003).
O pé diabético representa uma das mais mutilantes complicações crônicas do diabetes mellitus (DM) diante do impacto social e econômico observado em todo o mundo, justificando o elevado interesse no incremento das publicações: 0,7% (1980-1988) para 2,7% nos últimos seis anos (BRASIL, 2007).
Os dados epidemiológicos ressentem-se da inexistência de estudos populacionais apropriados, dificultando prevalência e incidência acuradas referentes a essa complicação. Os mecanismos de afecção dos membros inferiores, quais sejam neuropatia diabética (ND), doença arterial periférica (DAP), ulceração ou amputação, afetam a população diabética duas vezes mais que a não diabética, atingindo 30% naqueles com mais de 40 anos de idade. Estima-se que 15% dos indivíduos com DM desenvolverão uma lesão no pé ao longo da vida; no entanto, baseando- se na incidência anual populacional, que varia de 1% a 4,1%, e de prevalência, entre 4% e 10%, essa incidência atinge 25% (BRASIL, 2007).
As úlceras constituem a mais comum das complicações diabéticas: afetam 68/mil pessoas/ ano nos EUA, precedem 85% das amputações e tornam-se infectadas em 50% dos casos. Grande parte das ulceras com infecção e tratada em nível ambulatorial, mas o binômio úlcera/infecção constitui a causa mais comum de internações prolongadas, concorrendo para 25% das admissões hospitalares nos EUA. Esse cenário implica em custos elevados: dados obtidos nos EUA (1999) foram de US$28 mil, enquanto na Suécia (2000) foram U$18 mil sem amputação