Psicologia
De acordo com Sato (2003), consolidaram-se no Brasil dois grandes campos teórico-práticos no interior da psicologia, campos que constroem de modos distintos o trabalho humano como objeto. O primeiro “abraça problemas e interesses postos pelo corpo gerencial e pelo capital, articulando-se, por exemplo, com a administração e com a engenharia” (p. 168). O segundo vale-se da leitura da psicologia social – que se articula com as ciências sociais e visa a compreender o trabalho a partir do olhar de quem o vivencia, o trabalhador.
Diferenças de leitura também foram evidenciadas por Spink (1996), que aponta duas tradições de compreensão do que é uma organização. De um lado, uma tradição instrumental, de inspiração gerencial, que compreende a organização como uma estrutura que se apresenta ao psicólogo como fonte de problemas de gestão a serem resolvidos. De outro, a perspectiva de uma psicologia do trabalho que toma a organização um fenômeno psicossocial.
Historicamente, a perspectiva da psicologia vinculada aos interesses empresariais e gerenciais – que teve origem na psicologia industrial da virada para o século XX e é denominada no Brasil e em vários outros países como psicologia organizacional – demarcou o campo da psicologia voltado para as questões do trabalho e dos processos organizativos e permanece hegemônica na atualidade. Ainda que se possam observar mudanças em suas propostas ao longo desse tempo – que levaram essa vertente da psicologia a deixar de ser apenas uma área relacionada à aplicação de técnicas e a incorporar atividades de pesquisa –, tais metamorfoses nas práticas adotadas “não refletem uma guinada em termos de objetivos ou de concepção” (Sato, 2003, p. 168). Isso porque o objetivo continua sendo o de fornecer subsídios para buscar a eficiência e a produtividade.
Por outro lado, na vertente da psicologia social , interessa compreender fenômenos como: “identidade, processos de interação social, processos