Psicologia e a descoberta do inconsciente
As primeiras décadas do século XX concatenavam características que posicionavam o Brasil dentro dos chamados tempos modernos. Tempo de movimento, mudanças, novos posicionamentos e também inseguranças. No âmbito internacional, o mundo vivia as mazelas da Primeira Guerra Mundial, que para além de mudanças no campo político, social e econômico, apresentava ao homem, de maneira cruel, sua capacidade destrutiva. Além disso, a industrialização e o capitalismo se firmavam, mas tinham que disputar o palco com as idéias socialistas e, porque não falar, com a prática socialista, implantada pela primeira vez na Rússia, a partir de 1917. Em outras direções, mais transformações, como a Psicanálise, vinda ao mundo pelos estudos e descobertas de Freud, que propagava a existência do inconsciente, para além do consciente e racional, e o homem, como um não senhor de si, na totalidade. Ademais, o campo artístico e cultural fervilhava com novas propostas estéticas de estilos modernistas, tais como o impressionismo, o expressionismo e outros “ismos” que vinham em favor de rompimento, de novas buscas estéticas que refletiam as transformações sofridas e os anseios do homem moderno.
Dentro do Brasil, a situação não pertencia ao âmbito da estabilidade. A maior parte da população ainda se concentrava nos campos, mas as cidades, e especialmente as já maiores, como Rio de Janeiro e São Paulo, cresciam vertiginosamente, já que também as indústrias ofereciam novas possibilidades à população e à economia brasileira. A toda essa complexidade, somava-se a já histórica composição do povo brasileiro. Uma população mista, eclética. Índios, negros, brancos e, posteriormente, amarelos, sua mistura racial, suas respectivas culturas, mescladas ou não, faziam do Brasil um país de singularidade ímpar. Singularidade aliás que, muitos elitistas e políticos, queriam calar, à custa da imposição de um