Psicologia social da justiça: fundamentos e desenvolvimentos teóricos e empíricos
ISABEL CORREIA
1- ÂMBITO DA PSICOLOGIA SOCIAL DA JUSTIÇA
A Psicologia Social da Justiça estuda as causas e as consequências dos julgamentos subjetivos do que é justo ou injusto. Os psicólogos sociais têm estudando o que as pessoas pensam estar certo ou errado, ser justo ou injusto e compreender como as pessoas justificam esses julgamentos; as pessoas agem e reagem em função do que pensam que é justo.
Tyler et al. (1997) distinguem quatro eras na investigação da justiça: a era da privação relativa (início 1945); a era da justiça distributiva (anos 60 e 70); a era da justiça procedimental (anos 80 e 90); e a era da justiça retributiva (em emergência nos anos 90). Isabel Correia acrescenta, ainda, a justiça reparadora que surgiu a partir do final dos anos 80 e assume grande relevância atualmente.
A investigação tem sido transversal a vários domínios de aplicação. As relações com a autoridade, as organizações, o ambiente, as relações de gênero, os movimentos sociais de protesto, o sistema criminal, os acidentes, a satisfação com a vida, o bem-estar físico, a percepção das vítimas, as relações intergrupais e as relações íntimas.
2 – A TEORIA DA PRIVAÇÃO RELATIVA
Privação relativa é um julgamento de que estamos numa situação pior em comparação com uma determinada situação padrão julgamento este que está ligado a sentimentos de raiva e ressentimento. Ou alternativamente, a privação relativa refere-se a um sentimento e implica uma relação entre uma realidade objetiva e uma realidade subjetiva.
* Os estudos empíricos iniciais da teoria da privação relativa
O conceito de privação relativa foi introduzido por Stoufer e coautores no 1º voluma da obra American Soldier para explicar resultados que pareciam paradoxais e contra intuitivos. É a discrepância entre a expectativa (padrão de comparação) e a situação concreta que lava a insatisfação. Spector obteve resultados experimentais