Psicologia social crítica: como prática de libertação

3532 palavras 15 páginas
PArTE

Aspectos clínicos da depressão

i

A DEfinição DE DEPrESSão

1

PArAdoxos dA dePressão
Um dia talvez a depressão venha a ser compreendida em termos de seus paradoxos. Existe, por exemplo, um contraste impressionante entre a imagem que a pessoa deprimida tem de si mesma e os fatos objetivos. Uma mulher rica lamenta-se por não ter recursos financeiros para alimentar seus filhos. Um ator de cinema amplamente reconhecido implora por uma cirurgia plástica por acreditar-se feio. Uma física eminente repreende-se “por ser burra”. Apesar do sofrimento vivenciado em decorrência dessas ideias autodepreciativas, os pacientes não são facilmente demovidos por evidências objetivas ou por demonstrações lógicas da natureza insensata desses pensamentos. Além disso, os pacientes com frequência praticam atos que parecem aumentar seu sofrimento. O homem abastado veste andrajos e humilha-se publicamente implorando por dinheiro para sustentar a si e sua família. Um clérigo com uma reputação impecável tenta se enforcar porque se diz “o pior pecador do mundo”. Um cientista cujo trabalho foi confirmado por numerosos investigadores independentes “confessa” publicamente que suas descobertas eram uma farsa. Atitudes e comportamentos como esses são muito intrigantes – superficialmente, ao menos –, pois parecem contradizer alguns dos axiomas mais fortemente estabelecidos da natureza humana. De acordo com o “princípio do prazer”, os pacientes deveriam

buscar maximizar as satisfações e minimizar a dor. Segundo este há muito respeitado conceito de instinto de autopreservação, esses indivíduos deveriam tentar prolongar a vida, e não terminar com ela. Ainda que a depressão (ou melancolia) seja reconhecida como uma síndrome clínica há mais de 2 mil anos, até hoje não foi encontrada uma explicação plenamente satisfatória de suas características intrigantes e paradoxais. Ainda existem importantes questões não resolvidas sobre sua natureza, classificação e etiologia. Entre essas

Relacionados

  • Resenha do livro psicologia social crítica como prática de libertação
    3232 palavras | 13 páginas
  • psicologia comunitaria
    2184 palavras | 9 páginas
  • Resumo - psicologia da libertação
    1119 palavras | 5 páginas
  • A VIDA E A OBRA DE IGNÁCIO MARTÍN-BARÓ: O PARADIGMA DA LIBERTAÇÃO
    4212 palavras | 17 páginas
  • Psicologia social critica
    2299 palavras | 10 páginas
  • Psicologia
    6314 palavras | 26 páginas
  • Psicologia da Libertação
    1382 palavras | 6 páginas
  • estagio
    959 palavras | 4 páginas
  • filosofia
    9544 palavras | 39 páginas
  • Psicologia
    1482 palavras | 6 páginas