Psicologia para Wilhelm Wundt
Wundt postula uma divisão entre as Ciências Naturais e a Psicologia. O autor explica que elas diferem quanto ao ponto de vista no estudo de um fenômeno: as Ciências Naturais estudam os objetos da experiência independentes do sujeito, enquanto que a Psicologia investiga-os na sua relação com o sujeito. Entretanto, Wundt argumenta que as formas de interpretação das Ciências Naturais e da Psicologia são complementares, enquanto lidam com diferentes características do conteúdo de uma experiência (Hatfield, 1997; Leary, 1979; Wundt, 1896/2004). Ao delimitar o domínio dessas ciências, Wundt aponta que as Ciências Naturais se ocupam da experiência mediata e que a Psicologia estuda a experiência imediata (Hatfield, 1997; Leary, 1979; Rosenfeld, 2003; Wundt, 1896/2004).
A experiência imediata é a experiência consciente subjetiva tal como ocorre em um exato momento, em que o acesso à realidade é direto, intuitivo e independe das características constitutivas do sujeito e de constructos auxiliares. A experiência mediata, por outro lado, ultrapassa os elementos da experiência em si e, com base em interpretações e inferências, proporciona um conhecimento distinto daquele da própria experiência. Em outras palavras, as Ciências Naturais buscam, pelo estudo da experiência mediata, descobrir a natureza dos objetos sem referência ao sujeito, isto é, realizam uma abstração que separa o objeto representado do sujeito (Araujo, 2006, 2009; Hatfield, 1997; Leary, 1979; Wundt, 1896/2004). Segundo Wundt (1896/2004, p. 2-3):
Cada experiência concreta imediatamente se divide em doisfatores: em um conteúdo que nos é apresentado, e nossa apreensão desse conteúdo. Chamamos o primeiro desses fatores de objetos da experiência e o segundo de sujeito que experiencia. Essa divisão indica dois modos de tratamento da experiência. Um é o modo das ciências naturais, que se interessam pelos objetos da experiência, vistos como independentes do