Psicanalise
A partir da década de 1980 as pesquisas sobre a história da psicanálise ganharam maior ímpeto em todo o mundo, em decorrência de um maior interesse pelo tema por parte da comunidade científica, da descoberta de novas fontes históricas e de aprimoramento metodológico. No Brasil, os últimos vinte anos marcaram o incremento das pesquisas históricas relativas à psicanálise, fazendo com que um amplo espectro de temas fosse percorrido, tais como: a introdução da psicanálise em diferentes regiões do país, a criação das Sociedades de Psicanálise filiadas à International Psychoanalytical Association e o surgimento das práticas dedicadas à psicanálise de crianças. Um levantamento destas pesquisas aponta, entre outras coisas, a prevalência de alguns nomes que se destacaram em diferentes momentos como elementos centrais do movimento psicanalítico brasileiro, entre eles figura o de Virgínia Leone Bicudo. Paulistana de origem humilde, Virgínia Bicudo (1910-2003) formou-se pela Escola Normal Caetano de Campos em 1930, em 1932 obteve o título de Educadora Sanitária pelo Instituto de Higiene e Saúde Pública de São Paulo e, em 1938, concluiu o bacharelado em ciências sociais pela Escola de Sociologia e Política, figura nos anais da historiografia psicanalítica no Brasil como: fundadora da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, da Sociedade de Psicanálise de Brasília e da Revista Brasileira de Psicanálise. Partindo da hipótese de que Virgínia Bicudo teve participação vital na introdução e desenvolvimento da psicanálise no Brasil e considerando que são muito precários e imprecisos os esboços biográficos que buscam delinear sua participação nestes eventos, a presente pesquisa surge com o objetivo de construir um perfil biográfico de Virgínia Bicudo, que inter-relacione as vicissitudes de sua vida pessoal, as características de sua prática profissional e produção teórica enquanto psicanalista e os contextos científico, social e cultural do período histórico em que