Psicanalise
A Psicanálise é uma teoria da personalidade, um método de tratamento e um instrumento de investigação científica, conforme descreve Sigmund Freud sobre seus próprios achados (Roudinesco e Plon, 1944/1998).
A Psicanálise compreende o homem como um ser global e dotado de um inconsciente que atua como uma segunda consciência, completamente alheia à consciência da vida desperta.
Assim, a Psicanálise chama a atenção para o fato de que o homem conhece muito pouco sobre o seu interior, necessitando da ajuda de outra mente, mais treinada na compreensão dos processos inconscientes, como se espera que seja a mente de um analista (graças às suas análises pessoais, trocas com pares e supervisões).
O objetivo da Psicanálise, nesse sentido, é o de propiciar uma ampliação da mente, tornando pensáveis e nomeáveis sentimentos e sensações que desconhecemos em nós. Este processo transformador, obviamente, traz alguma dor porque nos desaloja de nossas conhecidas teorias sobre nós e sobre os outros. Assim, conforme define Coligares:
"Uma psicoterapia é uma experiência que transforma; pode-se sair dela sem o sofrimento do qual a gente se queixava inicialmente, mas ao custo de uma mudança. Na saída, não somos os mesmos sem dor; somos outros, diferentes". (p.73)
Sua proposta é corajosa e audaciosa e, por isso mesmo, requer alguma coragem daqueles que se envolvem com ela (paciente e analista): deitar-se no divã e remexer em si mesmo, mergulhar em searas desconhecidas para nossa mente consciente, conhecer e se responsabilizar pelos nossos demônios e tesouros internos.
Neste sentido, é importante saber que a Psicanálise não é uma psicoterapia com foco na redução de sintomas, já que, conforme nos ensinou Sigmund Freud, o sintoma nada mais é do que um “acordo” para que os desejos reprimidos possam aparecer com outra roupagem. Portanto, o foco da Psicanálise não seria “apagar o incêndio”, mas conhecer o que é que está provocando o mesmo.