Prometeu sempre teve um pendor para as artes plásticas. Seu pai era o velho Japeto, um dos titãs, cuja origem se perde na noite dos tempos. Era tão velho que emparelhava em idade com Saturno, o pai de Júpiter, e ninguém sabia precisar direito como e de onde surgira. O fato é que o velho sempre nutrira uma admiração secreta por seu habilidoso filho. — Este Prometeu promete! — dizia, repetindo pela milésima esse trocadilho. Ásia, esposa de Japeto, escutava pacientemente os prognósticos do marido, mas não podia deixar de concordar com o seu otimismo. Não raras vezes flagrara o menino metido no barro, modelando com habilidade seres das mais diversas formas. Com o tempo Prometeu cresceu, até atingir a fase adulta. Agora, já com seu ateliê montado, era respeitado em toda a corte celestial como notável artífice. Um dia chegou um mensageiro todo-poderoso à sua porta, dizendo: — Prometeu, Júpiter decidiu criar um novo ser sobre a Terra, de tal modo importante que há de se assemelhar em tudo aos próprios deuses. "Um deus de segunda categoria? Para quê?", perguntou o artista a si mesmo. Prometeu, entretanto, não opinava sobre as tarefas que recebia, mas procurava tão somente cumpri-las da melhor maneira possível.Assim sendo, aceitou imediatamente a incumbência. No mesmo dia encerrou-se em sua oficina, depois de colocar um aviso bem grande na porta destinado a afastar os importunos. Esta criação, bem o sabia, estava destinada a ser a sua obra-prima, e por esta razão decidiu caprichar ao máximo na sua elaboração. Depois de trabalhar por vários dias, deu enfim por concluída a tarefa. Embrulhou a imagem do novo ser,que batizou de "Homem", e já a