Projeto Luciano Lourenço
Diversos estudos(1-3), ao discutirem as dificuldades do exercício profissional, abordam algumas das características inerentes à tarefa médica que, isoladamente ou em seu conjunto, definem um ambiente profissional formado por intensos estímulos emocionais que acompanham o adoecer, como o contato freqüente com a dor e o sofrimento, o lidar com a intimidade corporal e emocional, o atendimento de pacientes terminais, o lidar com pacientes difíceis - queixosos, rebeldes e não aderentes ao tratamento, hostis, reivindicadores, auto-destrutivos e/ou cronicamente deprimidos e o lidar com as incertezas e limitações do conhecimento médico e do sistema assistencial que se contrapõem às demandas e expectativas dos pacientes e familiares que desejam certezas e garantias.
Na Residência Médica, o estresse atinge o seu ápice (4-13). O período de transição aluno-médico, a responsabilidade profissional, o isolamento social, a fadiga, a privação do sono, a sobrecarga de trabalho, o pavor de cometer erros e outros fatores inerentes ao treinamento estão associados a diversas expressões psicológicas, psicopatológicas e comportamentais que incluem: estados depressivos com ideação suicida, consumo excessivo de álcool, adição a drogas, raiva crônica e o desenvolvimento de um amargo ceticismo e um irônico humor negro. A Associação Médica Americana considera os médicos residentes como um grupo de risco para distúrbios emocionais (7).
A depressão e a privação do sono aparecem na literatura como os mais significativos problemas que afetam os residentes e tem sido considerados, respectivamente, como a principal reação ao treinamento e o mais importante fator estressante(8). Um quadro sindrômico - "the house officer stress syndrome" - foi descrito em médicos residentes(9). Esta síndrome do estresse do residente apresenta as seguintes características: distúrbios cognitivos episódicos, raiva crônica, ceticismo, discórdia familiar, depressão, ideação suicida e suicídio,