Projeto de intervenção
O tombamento da Igreja de São Pedro dos Clérigos não foi um ato isolado ou exceção; ele inscreveu-se dentro da formação do conceito de patrimônio histórico e artístico nacional durante o primeiro período Vargas (1930-1945), a partir do acervo de construções de pedra e cal remanescentes do Brasil Colônia (1500-1822), e das origens da atuação da vertente patrimonial no governo federal, possível através da criação do IPHAN. Ao assumir o Ministério da Educação e Saúde Pública (MES) em 26/07/1934, Gustavo Capanema promoveu uma verdadeira revolução nos conceitos vigentes nas áreas de educação e cultura. Vinculando educação à segurança nacional – com a conseqüente nacionalização do ensino –, e estabelecendo a cultura como campo de “construção da alma nacional,” o MES passou a ter entre os seus objetivos a produção dos símbolos do Estado Novo, em substituição à iconografia da República Velha e do próprio Império do Brazil, e a valorização das letras, artes e patrimônio nacional (SCHWARTZMAN; BOMENY; COSTA, 2000). O mecenato cultural por parte do Estado, a recuperação e preservação dos monumentos do passado e a glorificação da memória nacional, com sua ênfase na mitificação dos grandes vultos históricos, foram a tônica da atuação do MES durante a gestão Capanema (1934-1945). Dentro da política de Capanema à frente do MES, a criação do IPHAN inseriu- se dentro da tentativa de restaurar, conservar e proteger o patrimônio histórico e artístico nacional, representado principalmente na forma de monumentos de pedra e cal do Brasil Colônia. Baseada no movimento modernista – esse movimento era amplo e ambíguo o suficiente para comportar um grande número de correntes –, a orientação inicial do IPHAN definiu o que era patrimônio histórico e artístico nacional, bem como quais seriam as