Projetista
BlackSabbath inventou o metal. Motörhead o deixou mais rápido e sujo. Mercyful Fate trouxe satanismo/ocultismo e teatralidade ao estilo. Surgiram Venom, Bathory e Hellhammer e juntaram tudo isso.
Eram garotos que amavam tanto a New Wave Of British Heavy Metal quanto o circo extravagante do Kiss. No espírito hardcore da época – que uniu o autodidatismo, a tosqueira e o niilismo a músicas mais rápidas, sujas e brutais –, era tudo questão de juntar imperícia musical, influências poderosas e vontade de aparecer, chocar, tumultuar. A produção inexistente dos discos só deixava tudo mais estiloso e impactante. Escapismo puro, que torna mais incrível o fato de gente que só queria se divertir ter inspirado a vertente mais brutal, extremista (e por vezes criminosa) da música.
Entre Welcome To Hell (81), debute do Venom, e The Return... [Of Darkness And Evil] (85), segundo disco do Bathory, com Apocalyptic Raids (84), estreia do Hellhammer, no meio, os estilos foram se definindo: pelos critérios atuais, Venom é thrash, Hellhammer é death e Bathory é black.
De todo modo, o Bathory (embora negasse) levou consigo algo da velocidade ríspida do Venom e dos timbres graves e distorcidos do Hellhammer. Porém enquanto o Venom, entre idas e vindas, permaneceu um Motörhead satânico que fazia shows semelhantes ao do Kiss, e membros do Hellhammer formaram o Celtic Frost (que levaria o death à maturidade, e influenciaria o próprio black metal depois), o Bathory seguiu seu próprio caminho.
Pode-se dizer que o terceiro disco do Bathory, Under The Sign Of The Black Mark (1987), seja o marco (trocadilho inevitável) inicial do gênero, e Enter The Eternal Fire, a primeira canção de black metal puro: agora, era impossível compará-los aos contemporâneos Venom ou Hellhammer.
Aqui o black metal se desvencilhou da maçaroca barulhenta da primeira metade da década, quando era difícil distinguir thrash, death e black