Programas femininos
“A televisão é um universo em que se tem a impressão de que os agentes sociais, tendo as aparências da importância, da liberdade, da autonomia, e mesmo por vezes uma aura extraordinária (basta ler os jornais de TV), são marionetes de uma necessidade que é preciso descrever, de uma estrutura que é preciso tornar manifesta e trazer à luz.” (BOURDIEU, 1997, p. 54)
O livro é dividido em quatro partes, sendo elas “Sobre a televisão”, “A Influência do Jornalismo”, “Os jogos Olímpicos” e ”Posfácio”. Em geral, Bourdieu deixa claro a sua crítica aos profissionais da TV, principalmente ao jornalismo. As ideias do autor se concretizam em assuntos de manipulação da mídia pelo poder político e econômico, a censura de tempo e conteúdo, fazendo com que a televisão não seja autônoma, a busca emergencial pela liderança na audiência que a banaliza, se preocupando apenas com informações fúteis e superficiais.
O autor “desmascara” a censura invisível em que a televisão está inserida, escondendo-se por trás de informações que apenas ocupam o tempo da programação, porém sem nada de chocante e relevante para oferecer ao telespectador. O tempo de participação de um especialista convidado é determinado por um roteiro, combinado anteriormente sobre qual e como o assunto será abordado de acordo com o interesse e o objetivo de passar a informação da emissora que o convidou. Essa censura é resultado de manipulações políticas que impõem o que deve ser passado na televisão e que, nem sempre, corresponde à realidade, sendo geralmente conteúdos que envolvam o emocional e distraiam o público, tornando-o fiel à manipulação sem que o mesmo perceba. A pressão econômica também impulsiona a violência simbólica, pois a televisão visa audiência, ibope, principalmente quando uma agência de publicidade ou a política está envolvida, afinal, a mesma é um meio de comunicação que tem forte influência na opinião dos