Professora

Discurso narrativo: oportunidades para o sujeito-estudante falar de si

Josiane Ap. de Paula Bartholomeu – GEPALLE – FFCLRP- USP

Nossa preocupação com o trabalho interpretativo no ensino fundamental incitou-nos a realização da presente pesquisa, em andamento, que busca investigar e compreender as possibilidades de estudantes das séries iniciais utilizarem o discurso narrativo para expressarem sua subjetividade, seus sentimentos internos, emoções, argumentos, para “falarem de si” (Foucault, 1969), como nos ensina o filósofo francês. Partimos do pressuposto de que a presença do discurso narrativo em sala de aula de ensino fundamental constitui-se em um importante recurso educacional e pedagógico para que os sujeitos estudantes ocupem a posição de sujeitos “intérpretes” (Pêcheux, 1997) e, particularmente, a de “intérprete-historicizado” (Assolini, 2003). Em concordância com Tfouni (2005, p.73-74): entendemos o discurso narrativo como: “ (...) lugar privilegiado para elaboração da experiência pessoal, para a transformação do real em realidade, por meio de mecanismos linguísticos discursivos, e também para a inserção da subjetividade, “ [...]entendida aqui, como a forma pela qual o sujeito organiza sua simbolização particular”. O referencial teórico-metodológico que sustenta nossos estudos fundamenta-se na Análise de Discurso de procedência francesa (pecheuxtiana), especificamente Michael Pêcheux ( 1995, 1997, 2000), Eni Orlandi (2000, 2001, 2008, 2010), Courtine ( 1981, 1982), na Teoria Sócio-Histórica do Letramento, Tfouni (2005, 2010), Assolini & Tfouni ( 2007, 2008) e na Psicanálise freudo-lacaniana. Esses referenciais nos possibilitam discutir e analisar as problemáticas que envolvem a interpretação, o sujeito e seu discurso e o discurso narrativo. Nosso corpus é constituído por produções linguísticas escritas de quinze sujeitos-estudantes, do 3º ao 5º ano do ensino fundamental, de uma escola particular, situada em uma pequena cidade do interior paulista.