Produção de texto
Além de recuperar a auto-estima da turma, Valéria precisava destacar a função social da leitura. A solução foi trabalhar por projetos. Um deles foi a produção de um livro com cantigas de roda. Por serem muito conhecidas, elas são ótimo material de trabalho no início da alfabetização. Mas e para uma classe de adolescentes? "Todos se empolgaram porque sugeri que produzíssemos o material para presentear a turma de 1ª série", diz.
Ao mesmo tempo em que avançava nas atividades de escrita, Valéria incentivava a leitura. Num canto da sala, colocou várias caixas com jornais, gibis, revistas e livros de prosa e poesia. Ela promovia leituras diárias e os estudantes podiam levar o material para casa. Uma das publicações que mais chamaram a atenção da garotada foi a revista Superinteressante. Principalmente a seção Superintrigante, que traz respostas para perguntas curiosas. Logo nascia outro projeto: divulgar para os pequenos, da 1ª série, o que era possível aprender naquelas páginas. "Cada dupla escrevia um texto, só com as lembranças do que havia sido lido, para dividir com as outras salas", conta.
O melhor ainda estava por vir. Os próprios alunos combinaram que não poderia haver erros de ortografia ou pontuação. Afinal, os textos não eram feitos para a professora corrigir mas para os leitores. A idéia foi tão bem-sucedida que as redações passaram a ser colocadas no mural. Assim, toda a escola tinha acesso ao novo conhecimento. Em dezembro, apenas três estudantes ainda tinham dificuldades de leitura e escrita. Este ano, a turma continua na 4ª série, para aprender os demais conteúdos do currículo. "Eles realizam com autonomia os trabalhos em todas as disciplinas e, o mais importante, acreditam em sua capacidade de aprender", comemora Valéria, que leciona Língua Portuguesa e Arte.
Elisa, fonoaudióloga, diz que a solução para boa parte dos problemas de aprendizagem está nas mãos do professor: não ao estigma de que os pobres não aprendem.
A falta de