Primo Basílio
1) Quais são os procedimentos que o narrador adotou para caracterizar os personagens de O primo Basílio no trecho apresentado?
R: Escrito em terceira pessoa, “O Primo Basílio” possui um narrador onisciente tipicamente naturalista, isto é, que dirige a atenção do leitor para o seu ponto de vista cuja tendência de reduzir o comportamento das personagens a influências do meio, do ambiente, salta aos olhos. Como maneira de assegurar a “onipotência” desse narrador e ao mesmo tempo fazer com que a história convença o leitor, os realistas-naturalistas normalmente adotam o uso do tempo verbal no pretérito, assim os fatos são narrados produzindo uma ilusão de verdade. Esse é também o tempo adotado no ”O Primo Basílio”.
Na fronteira entre foco narrativo e uso da linguagem, e relacionado ainda ao uso do pretérito, está o uso que Eça de Queirós faz do discurso indireto livre, isto é, do discurso que reproduz com fidelidade os momentos psicológicos que as personagens estão vivendo.
2) A que se relacionam as situações irônicas vividas por esses mesmos personagens?
R: As personagens de “O Primo Basílio” denunciam e acentuam o compromisso com o seu tempo: a obra deve funcionar como arma de combate social. A burguesia, principal consumidora dos romances nessa época, deveria ver-se no romance e nele encontrar seus defeitos analisados objetivamente, para, assim, poder alterar seu comportamento. Como bom observador e perfeito desenhista realista, Eça de Queirós caracteriza as personagens com variada notação de pormenores. Tal caracterização, sobretudo a de natureza física, é feita geralmente por processos diretos, seriação de atributos ou de locuções atributivas. Suas personagens são planas e construídas de acordo com os modelos deterministas da escola naturalista, isto é, o homem é o resultado do meio em que vive, do seu tempo e de sua raça.
Apesar de meros tipos sociais, suas personagens criam história e nos fazem mergulhar de