Preso a um copo
RESUMO
Este trabalho propõe uma reflexão da problemática do alcoolismo, revisando a literatura de muitos autores actuais que contribuíram para a explicação deste fenómeno bio-psico-socio-cultural aos níveis conceptual, de intervenção e de prevenção, com maior atenção no estudo de Estela Landeiro, de Março de 2011. Num copo focalizam-se as crenças, mitos, expectativas, dinâmicas intrapsíquicas, factores sociais, culturais, biogenéticos e ambientais conducentes à morbilidade e que podem lançar o rastilho para a adição e fazer sucumbir o supremo destino do indivíduo que o bebe: a auto realização. A importância da intervenção da psicológica clínica e da saúde impõe-se num modelo terapêutico multidisciplinar e é pedra basilar na prevenção. Mais estudos são sugeridos para relevar a importância do psicólogo clínico no controle e prevenção deste fenómeno, transversal ao homem e ao tempo.
Palavras-chave: alcoolismo; modelos explicativos; intervenção; prevenção.
Alcoolismo: Um foco no copo. “Sendo Noé lavrador, passou a plantar uma vinha. Bebendo do vinho, embriagou-se...”
(Antigo Testamento, Genesis 9:20-21)
A história do consumo de álcool tem uma origem remota e o seu percurso é longo quanto o da humanidade. A fermentação do mel, em 7.000 a.C., traz a primeira bebida alcoolizada – o hidromel; entre 6.000 e 5.000 a.C., o vinho e, mais tarde, a cerveja, pela fermentação da cevada, desbravam novos caminhos entre os homens e o divino. “Pão e cerveja para um dia” é uma expressão datada de 3.000 a.C., referente aos gastos de uma família asiática. Também a sidra é uma bebida muito apreciada no Egipto (3.000 a.C.) e mais tarde na Grécia (600 a.C.). Os Egípcios já conheciam a destilação em 6.000 a.C., mas o alambique, descoberto na Idade Média (800 d.C.), vem a proporcionar a produção de bebidas com teor de álcool mais forte. O vinho foi endeusado na Grécia de Dionísio e na Roma de Baco, curou maleitas, foi exultado na literatura,