Presisio
Gritos e gemidos ecoam pelo longo corredor. Viciado em crack, um preso bate com a cabeça contra as grades da cela em mais uma crise de abstinência. O comportamento agressivo irrita os companheiros de cela, que espancam o colega. Sem saber lidar com a situação, os agentes ignoram o homem que treme e sua pelo corpo inteiro. O relato é de uma mãe desesperada que, sem poder ajudar o filho, pede por tratamento. O detento, não comparece mais às visitas dos familiares, o que aumenta a preocupação da mãe e da mulher. Temem que ele morra à espera de cuidados. Casos como esse chegam com frequência à Defensoria Pública do Rio, a quem as famílias dos presos usuários de crack recorrem em busca de ajuda. O coordenador do Nuspen (Núcleo do Sistema Penitenciário), diz que o perfil dos dependentes da droga é formado por homens negros de 18 a 26 anos, com baixa escolaridade e que cumprem pena por envolvimento com o tráfico de drogas. Por falta de tratamento adequado, somente os presos emestado grave são atendidos no Centro de Dependência Química Roberto Medeiros, que funciona dentro do Complexo Penitenciário. - Hoje, com a epidemia de crack no cárcere, é muito comum o preso ter crises de abstinência e outros problemas decorrentes do uso e da falta da droga. O preso é internado, recebe algum tipo de medicação e, depois disso, volta para cela sem nenhum acompanhamento. Há casos de presos que assumem crimes cometidos por outros detentos para ganhar o crack como recompensa. Para "aliviar" crises, agentes fornecem drogas para presos
Uma enfermeira da unidade, conta que, para "aliviar" a crise de abstinência dos usuários de crack e manter a ordem nas celas, agentes penitenciários fornecem a droga para os detentos em troca de dinheiro. - Os familiares também repassam a droga para o agente, que entrega ao preso. Os agentes lucram com isso e ainda aliviam o desespero dos viciados em crack.
Fonte Jornal