Presidencialismo
O presidencialismo, exatamente como ocorreu com o parlamentarismo,
não foi produto de uma criação teórica, não havendo qualquer obra ou autor
que tivesse traçado previamente suas características e preconizado sua
implantação. Mas, diferentemente do que ocorreu em relação ao regime
parlamentar, o presidencialismo não resultou de um longo e gradual processo
de elaboração. Pode-se afirmar com toda a segurança que o presidencialismo
foi uma criação americana do século XVII, tendo resultado da aplicação das
idéias democráticas, concentradas na liberdade e na igualdade dos indivíduos
e na soberania popular conjugadas com o espírito pragmático dos criadores
do Estado norte-americano. A péssima lembrança que tinham da atuação do
monarca, enquanto estiveram submetidos à coroa inglesa, mais a influência
dos autores que se opunham ao absolutismo, especialmente de Montesquieu,
determinou a criação de um sistema que, consagrando a soberania da vontade
popular, adotava ao mesmo tempo um mecanismo de governo que impedia a
concentração do poder. O sistema presidencial norte-americano aplicou, com o
máximo rigor possível, o princípio dos freios e contrapesos, contido na doutrina
da separação dos poderes.
Para se perceber a repulsa dos norte-americanos pela monarquia,
basta a leitura rápida de alguns documentos contemporâneos da criação dos
Estados Unidos. Já na declaração de Independência, de 04 de julho de 1776,
há uma série de acusações ao rei da Inglaterra, além de se declarar que os
signatários tinham por evidente, entre outras coisas, que os governos “recebem
a legitimidade do poder do consentimento dos governados”. Nas cartas escritas
por Jefferson, nessa mesma época, a condenação da monarquia é feita nos
termos mais drásticos que alguém possa imaginar. Em carta a Benjamin
Watkins, em 4 de agosto de 1787, dizia Jefferson: “Se todos os males que
surgirem entre nós, oriundos da