Preconceito

Jéssica Rodrigues e Jéssica Bragança: amizade começou na sala de aula, hoje elas formam uma família.

Um amor entre Jéssicas

Foi durante as aulas no Colégio Estadual Protásio Alves que surgiu a amizade entre Jéssica Rodrigues Galarço, 19 anos e Jéssica Bragança, 20 anos. Com apenas 17 anos, Jéssica Rodrigues engravidou do namorado, o relacionamento acabou logo depois e o vínculo com a amiga se fortaleceu. Antes de Ágata nascer, já eram inseparáveis.

Jéssica Bragança levava a companheira para as consultas médicas, acompanhou o nascimento do bebê e saiu junto com elas da maternidade. A nova família estava formada. Hoje, Ágata tem um ano e quatro meses e tem duas mães. Ou uma mãe e um pai. Para elas, tanto faz.

– A Jéssica era o pai que eu queria para minha filha, me ajuda em tudo, dividimos a vida, a casa, as contas – comenta Jéssica Rodrigues.

Além de um casal, são amigas. Compartilham TPM, potes de creme de 1kg para o cabelo, roupas e maquiagem. Uma sabe quando a outra não está bem.

Um bailarino que superou o preconceito pelo amor a dança

Tenho apenas 23 anos. Sei que estou no começo, mas minha história com a dança é longa. Eu comecei no balé aos 8 anos de idade em Joinville, minha cidade natal. Foi amor à primeira vista. Se eu sofri preconceito por ter escolhido a dança? Sim, fui humilhado em minha infância e adolescência. Eu era o único bailarino da escola, não tinha muito contato com os meninos que jogavam futebol – algo que eu nem podia fazer por conta da segurança e por não poder me machucar: o balé exige muito, corporalmente e psicologicamente. Minha mãe sempre me ajudou muito. Meu pai, muito machista, de maneira nenhuma queria isso. Falava que era coisa de “boiola” até o dia que ele realmente me viu dançando e chorou tanto que me abraçou. Foi emocionante.
Ainda criança, antes mesmo de eu entender que era gay, este foi o primeiro preconceito que vivi: muita gente achava – e ainda acha – que o balé é coisa para meninas ou gays. E ser