pre sal
20 de outubro de 2013 1
É justo leiloar a riqueza de toda a Nação? Ou entregar um patrimônio nobre à cobiça?
FLÁVIO TAVARES*
A quem pertence o petróleo do nosso pré-sal? Faço-me esta pergunta com angústia pelas manhãs, ao me levantar e abrir a janela. Da minha casa, no litoral da região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro, diviso as águas que, lá longe, cobrem o Campo de Libra na imensidão do nosso mar territorial. Ali, na chamada Bacia Santista, entre sete e 10 mil metros de profundidade, abaixo das capas de sal, há milhões de anos se esconde o maior campo petrolífero do planeta. A Petrobras pesquisou e demarcou a área de extração – 1.500 quilômetros quadrados, com reservas entre 12 e 14 bilhões de barris de óleo, mais do que o total extraído até hoje no Brasil, em 60 anos. Ou mais do que todas as reservas do México, grande produtor mundial.
Tudo isto, toda a riqueza de todo o Campo de Libra vai a leilão agora, disputada por 11 empresas estrangeiras, além da própria Petrobras. A melhor oferta leva o antecipado peru de Natal. Empresas da China, Japão, Índia, Malásia e Colômbia disputam com a anglo-holandesa Shell, a francesa Total, a portuguesa Petrogal e a espanhola Repsol.
Não há riscos econômicos. A Petrobras já preparou tudo em minuciosas prospecções primárias e cálculos matemáticos. Só há riscos ambientais, ainda insolúveis, pois ninguém nunca extraiu petróleo a tal profundidade. O desafio brutal está aí, em ameaça à vida do oceano e do planeta, mas o leilão nem viu. O$ leiloeiro$ $ó pen$aram no dinheiro.
Se um vazamento de óleo (da caldeira de um hospital) se espalha agora pelo lago de Brasília, junto ao Palácio da Alvorada, o que pensar de Libra?
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É justo leiloar a riqueza de toda a Nação? Ou entregar um patrimônio nobre e único da natureza à cobiça, cuja única pátria é o lucro?
O petróleo é riqueza não renovável. Não se planta hoje e se colhe amanhã. Ao contrário: o que se extrai, se esvai. Os previdentes, como