CASO CLÍNICO 1 F., D.N. 28/09/1986, I.C. 25 anos, casada, auxiliar departamento de sinistro, duas filhas de sete e 5 anos, encontra-se em psicoterapia, desde 28/09/2011. A queixa trazida pela paciente é de uma angústia desde oito a nove anos de idade em que era uma criança passiva, maltratada por colegas, retraída, que nunca expunha para ninguém sentimentos e decepções. Namoro precoce aos 14 anos, gravidez antes do casamento aos 18 anos, não aprovada pelos pais, ligação excessiva com o pai até hoje, e este indiferente a ela, após sua gravidez. Namorado e atual marido era dependente químico na adolescência, e após casamento, excessivo nervoso, a agredia fisicamente e Fernanda nunca dividiu com ninguém estas agressões. Informa que tem dificuldades no relacionamento conjugal e que seu marido ainda é dependente químico (cocaína). Não abandonou a vida de solteiro, sai com amigos para tomar cerveja, jogar futebol e ela fica com muita raiva e chega a agredi-lo fisicamente, quando este chega de madrugada. No trabalho, e já há algum tempo, a coordenadora gritava com todos os funcionários, os expunha, humilhava o que desencadeou em Fernanda uma reação aguda de estresse; Fernanda lidava com notas fiscais, caiu em sua produtividade tanto na qualidade como na quantidade e já não conseguia raciocinar e apresentava muita dispersão. Tal situação de humilhação no trabalho, o que é também sentido por colegas, fazem Fernanda relembrar-se de inúmeras situações vividas na infância, de sofrimento, humilhação, inferioridade, as quais nunca conseguiu expor para alguém. Pediu o afastamento do trabalho, estando já há quatro meses afastada e teme ter que voltar a trabalhar na mesma empresa, dizendo não conseguir mais suportar as humilhações sofridas. Fernanda relata que tem ajudado muitas pessoas com necessidades e doentes, mas esconde estes fatos do marido. A justificativa para omitir este comportamento do marido é de que ele não