Poupança, investimento e desenvolvimento. O caso brasileiro Entre o final dos anos 60 e o início da década de 70, o Brasil investia em média 19,3% do PIB. O crescimento médio no período foi de 5,0% ao ano. Esse surto de desenvolvimento a partir de meados da década de 60 teve como uma de suas causas o aumento da poupança interna: em média, era de 19,0% do PIB, complementada ainda por um pequeno afluxo de poupança externa (0,3% do PIB). Note-se que em comparação com a média mundial – em 1965 e 1992 – de 23% de poupança em relação ao PIB, esses números não eram nada excepcionais. Foram criados nesse período mecanismos institucionais de poupança forçada, com destaque para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS. A estabilização de preços, associado à criação da correção monetária, eliminou o efeito corrosivo e a incerteza que a inflação causava, fortalecendo assim a poupança e permitindo o crédito de longo prazo. Mecanismos como o Sistema Financeiro da Habitação – SFH, por exemplo, juntaram essas duas pontas e permitiram o investimento e a compra de imóveis por uma nova parcela da população. A própria inflação continuou atuando como um mecanismo de acumulação e geração de poupança pelo governo, pois o “imposto inflacionário” arrecadado possibilitava o financiamento de inúmeros programas e atividades governamentais. Era uma outra forma de poupança forçada, que em termos agregados talvez possa ter tido efeitos negativos sobre a poupança total. Afinal, a inflação transferia recursos para o governo, mas seu efeito quase sempre é o de desestimular a poupança privada Esses mecanismos, no entanto, se esgotaram a partir dos anos 80. A inflação, realimentada pela correção monetária, tornou-se alta a ponto de inviabilizar o cálculo econômico de longo prazo e, assim, inibir a formação de poupança e os investimentos. O SFH entrou em colapso em função das incertezas produzidas pelas flutuações econômicas e pelas mudanças arbitrárias impostas em seus