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A música “Ecos do ão”, de autoria de Carlos Rennó em parceria com o cantor Lenine, parte de uma rebelião que acontece na antiga Febem. A canção discute o problema social de segurança pública e da responsabilidade da sociedade para com o dever de pôr em prática os sonhos e planos em busca de uma nova civilização. Ela nos leva a um questionamento sobre em que condições crescem e vivem aqueles que acabam tendo que se rebelar em busca de mínimas condições para sobrevivência dentro do sistema de segurança onde foram colocados. Esses jovens que ali vivem, também têm dons, talentos e desejos, sofrem, mas também sonham em fazer parte de uma nação que sonha e constrói. Em contrapartida, Alcione Prá, em sua obra chamada Rebelião, apresenta o caráter transformador que, historicamente, este ato social vem apresentando. Considerando que trata-se de uma sociedade de excluídos, como esperar que esta forma de rebelião, baseada na desordem e insubordinação, possa comover o mundo livre a ponto de fazê-lo olhar para dentro desses muros?, questiona a autora. A jurista verifica, cada vez mais, a mudança no objetivo dessas rebeliões. Elas passaram a surgir apenas por motivações externas às causas do sistema prisional. Segundo Alcione Prá, o simples fato de o ser humano estar privado de sua liberdade individual e de atuação dentro da sociedade é indício de falha do Estado em prover a seus cidadãos as condições de sobrevivência básicas. Após analisar a visão dos dois autores, constata-se que os dois textos são complementares no que diz respeito a carência de repensar o sistema, diminuindo a população carcerária, estipulando papéis sociais específicos, mais humanos, e que possibilitem a reintegração do egresso. Assim, não apenas se verá a ação do crime organizado dentro dos presídios, mas também a nossa responsabilidade social para com esses “excluídos”.
PRÁ, Alcione. O Estado, a prisão e o poder paralelo. Rebelião: A organização do