pORTUGUES
(KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender o texto: os sentidos do texto. 2. ed. reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008)
3
Texto e contexto
(Con)Texto, leitura e sentido
Nos capítulos anteriores, enfatizamos que a leitura é uma atividade altamente complexa de produção de sentidos que se realiza, evidentemente, com base nos elementos lingüísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes.
Subjacente a essa concepção de leitura, encontra-se o pressuposto segundo o qual o sentido de um texto não existe a priori, mas é construído na interação sujeitos-texto.
Assim sendo, na e para a produção de sentido, necessário se faz levar em conta o contexto. O que significa, em termos práticos, considerar o contexto no processo de leitura e produção de sentido? Para responder à pergunta, vejamos o texto a seguir. Na leitura e produção de sentido do texto, é solicitado que o leitor considere:
• a materialidade lingüística constitutiva do texto e o efeito de humor que produz, causado pelo jogo com as palavras parênteses — explicitada no enunciado do primeiro balão – e parentes – implicitada no enunciado do segundo balão; (p. 57)
Fonte: Folha de S. Paulo, 23 abr. 2005.
• o gênero textual charge e sua funcionalidade;
• a tematização proposta no título (Projeto Antinepotismo) circunscrita à realidade brasileira;
• a data de publicação;
• o meio de veiculação.
Todos esses conhecimentos constituem diferentes tipos de contextos subsumidos por um contexto mais abrangente, o contexto sociocognitivo, do qual trataremos mais adiante. 2
Assim sendo, que significados devem se tornar explícitos depende, em larga escala, do uso que o produtor do texto fizer dos fatores contextuais. Dessa forma, a tão propalada explicitude do texto escrito em contraposição à implicitude do texto falado não passa de um mito. Tanto na fala como na escrita, os produtores