portugues - memorial do convento
O verdadeiro protagonista de Memorial do Convento é o povo trabalhador.
O povo atravessa toda a narrativa, numa construção de figuras que, embora corporizadas por Baltasar e Blimunda, tipificam a massa colectiva e anónima que construiu, de facto, o convento. Esta faixa da população vive na completa miséria física e moral, visto que, a religião tem um grande efeito sobre esta classe social. Todo o povo possui uma moral estreita devido a esta influência, ou seja, crê em milagres, feitiçarias entre outros.
Nesta obra, o povo atravessa toda a narrativa, na construção do Convento de Mafra que leva ao limite a sua força física e mental e aproveita, juntamente com outras personagens, para participar em festas de romaria, touradas e Autos-de-fé (a qual, na história, acontece pela primeira vez em dois anos). Saramago retrata -nos o vibrar popular com a tortura humana. Por outro lado, o mesmo povo também se realiza e exulta com a tortura e morte do animal, no caso as touradas, espectáculo milenar no Mediterrâneo, onde a frustração e o triste fado de uma vida fazem a purificação e se sublimam na festa.
O Povo aproveita para se divertir com a miséria e o sofrimento de si próprio e, deste modo deixa livre o campo de acção das classes dominantes. O narrador quando fala dessas festas manifesta a dúvida se o Povo gostava mais de touradas ou de Autos-de-fé, chegando à conclusão que ao ter uma ambição sanguinária preferiam os Auto-de-fé na procura de emoções fortes.
O Povo, por outro lado, no Memorial do Convento, tentava igualmente actos heróicos para o benefício de todos. Contudo o narrador aproveita esta situação para comparar o tipo de heróis.
A nomeação de trabalhadores como Francisco Marques, José Pequeno, Joaquim da Rocha, Manuel Milho, João Anes e Julião Mau-Tempo, constituiu-se, aliás, como uma espécie de homenagem apoteótica aos trabalhadores sacrificados e oprimidos.
João Elvas, um outro elemento do povo, ex-soldado, afastado do