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SEA4 - Memorial do Convento, de José Saramago
Textos Informativos
Elementos paratextuais
"Era uma vez um Rei que fez a promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez." in Memorial do Convento, Editorial Caminho
A fórmula inicial “Era uma vez...” faz-nos evocar um mundo fictício, o da infância associado aos contos de fadas. A repetição desta fórmula, intencional e insistente, alerta-nos para o universo ficcional da obra, que, embora baseada num facto histórico – a construção do convento de Mafra – recorre ao imaginário para dar vida e voz às personagens.
A partir desta informação da contracapa, podemos esquematizar as linhas de força da arquitetura do romance Memorial do Convento, considerando a estruturação das suas ações principais:
"Era uma vez um Rei que fez a promessa de levantar um convento em Mafra.”
O rei D. João V, preocupado com a falta de descendentes, prometeu construir um convento em Mafra, se a rainha lhe desse um filho para lhe suceder no trono. Em cumprimento da promessa, a construção inicia-se após o nascimento da princesa Maria Bárbara.
"Era uma vez a gente que construiu esse convento.”
A «gente que construiu esse convento» é constituída pelo povo anónimo que trabalha e sofre sob as ordens do rei megalómano, para cumprir a sua promessa e satisfazer a sua vaidade. Como personagem coletiva, sobressaem os seus sacrifícios e a sua miséria física e moral. Este povo humilde e trabalhador sai do anonimato através da individualização de certas personagens destacadas, e, simbolicamente, pela atribuição de um nome segundo cada letra do alfabeto (Cap. XIX, p. 242). Salientam-se as personagens
Baltasar, Blimunda, Francisco Marques e Manuel Milho, entre outras. O sofrimento dos homens relatado na Epopeia da Pedra que foi transportada de Pêro