portugal
Ao longo do século XVII verifica-se cada vez mais a adopção de traçados regulares, geometrizados, no planeamento de novas cidades ou nos planos de extensão de cidades já existentes. A tendência para a escolha de sítios planos, quer para as novas fundações, quer para a construção de novas expansões, em vez dos sítios acidentados preferidos ainda ano século XVI, foi um factor importante para a adopção de padrões regulares. Outra das razões para a crescente racionalização do urbanismo português tem a ver com a profissionalização dos técnicos encarregues do traçado e da urbanização das cidades, nomeadamente a importância cada vez maior dos engenheiros militares neste processo, que se verifica fundamentalmente a partir do século XVII.
As cidades de São Luis do Maranhão, de 1615, e Belém, de 1616, ambas situadas na costa norte do Brasil, são exemplos de cidades seiscentistas que adoptaram planos regulares. Embora de fundação contemporânea, estas cidades remetem para culturas urbanísticas distintas. No caso de São Luis de Maranhão, temos um traçado coerentemente organizado como um todo e obedecendo a um puro traçado ortogonal, se bem que o território onde se implanta não seja plano. A cidade estrutura-se segundo uma quadrícula, desenvolvida a partir do forte de São Luis. Neste traçado verifica-se a existência de uma praça central, de forma quadrada, inserida na quadrícula, no centro da qual se localizava a igreja de Nossa Senhora do Carmo.
No caso de Belém, temos um traçado composto por malhas distintas, sensivelmente ortogonais, mas respondendo às particularidades do sítio. Fundada pouco depois de São Luis do Maranhão, a cidade de Belém desenvolveu-se também a partir de um forte, o forte do Presépio. A cidade, implantada num sítio plano, era constituída por duas malhas urbanas distintas construídas simultaneamente e cada uma delas com uma estrutura sensivelmente ortogonal. A separar uma da outra