Portugal no sc xx
João B. Serra
Portugal Moderno, 1910-1940, coord. Paulo Henriques,
Catálogo Exposição Portugal-Frankfurt,
1997
Portugal no início do século XX
Cinco milhões e quatrocentos mil portugueses habitavam o território à entrada do século.
Em 1911 serão seis milhões. As áreas mais populosas situavam-se no litoral Centro e
Norte. Uma percentagem alta da população portuguesa masculina e jovem emigrava, tendo por destino os Estados Unidos e o Brasil, principalmente. Segundo as estatísticas da emigração legal, em 1901 saíram 20 646 e, em 1911, 59 661, um pico que repercute, no ano seguinte ao da revolução republicana, uma tendência anterior.
A urbanização fizera o seu curso ao longo da segunda metade do século XIX: em 1864, a percentagem rondava os 11,5% e em 1900 subira aos 16%. Mas as cidades portuguesas são na sua maioria de pequeno porte, "vilas urbanas". Em 1900, as maiores concentrações constituem um grupo com um número de habitantes próximo dos 20 000 (Braga, Coimbra,
Setúbal, Ponta Delgada e Funchal). A maior parte das cidades situa-se no escalão entre 5
000 e 10 000 habitantes (Aveiro, Beja, Bragança, Castelo Branco, Faro, Guarda,
Guimarães, Lamego, Santarém, Tavira, Tomar, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu, Horta).
O Porto contava então 168 000 habitantes e Lisboa, protagonista já da macrocefalia, 356
000. A capital, que em 1910 chegaria aos 486 000, representava mais de 10% da população urbana portuguesa total, e concentrava os mais qualificados e abundantes equipamentos e recursos urbanísticos e técnicos.
O moderado crescimento urbano, exceptuando o caso de Lisboa, acentuava a ruralidade predominante em todo o território. A agricultura ocupava cerca de 65% da população activa, alguma da qual, aliás, trabalhava a terra no interior dos próprios limites urbanos.
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Nalgumas regiões, a Norte e Centro, a propriedade encontrava-se muito dividida, tendência que se acentuou na viragem