Porque usar técnicas de mapeamento
Cynthia A. Sarti*
Do que se trata
O mapeamento das ruas e das instituições onde circulam crianças e adolescentes em “situação de risco” foi realizado através da utilização de uma das técnicas fundamentais que caracterizam a pesquisa etnográfica, a técnica de observação.
O trabalho de observação foi feito pelos próprios educadores de rua, ali onde eles estão mais familiarizados, ou seja, no local de seu trabalho, na rua e, posteriormente, nas instituições que completam este circuito. Discutiu-se um roteiro prévio que delimitou o que se queria olhar, de acordo com os objetivos do mapeamento e os educadores foram orientados no sentido de registrar as observações em um “diário de campo”, instrumento que acompanha esta técnica. Buscou-se anotar o que se viu, o que se ouviu, como foi visto e dito e as “impressões” do pesquisador, como dado bruto, matéria-prima para a análise posterior.
Ainda que não se pretendesse uma discussão exaustiva das implicações desta técnica de pesquisa eminentemente qualitativa, procurou-se realizar este trabalho de campo a partir da explicitação de um pressuposto básico da etnografia, o de que a pesquisa de campo envolve uma relação entre dois sujeitos, constituindo uma forma de comunicação. O observador não está fora do campo da observação, nem tem o “controle das variáveis” envolvidas em seu trabalho de campo. Ele mesmo está dentro do campo da observação, pondo em questão o lugar em que se situa, tanto quanto o lugar de seu suposto “objeto” de observação.
Um ato aparentemente banal, observar não é apenas olhar, mas treinar este olhar, preparar cuidadosamente este olhar, para que ele não seja um olhar ingênuo, desarmado, que desconhece suas implicações. A observação requer que se discuta a concepção da realidade social e conhecimento desta realidade nos quais se baseia, examinando criteriosamente duas questões cuja formulação se constitui em pressupostos desta técnica do trabalho de