Porque temos cancer?
Porque, há mais de 600 milhões de anos, os ancestrais de todos os animais vivos hoje, inclusive nós, passaram a viver como um conjunto de muitas células. Essa é a principal explicação proposta pelos biólogos hoje e ganha força justamente por levar a evolução em conta.
Um dos grandes problemas para um ser de muitas células, como nós, é coordenar, tintim por tintim, a formação do organismo, que depende tanto da multiplicação celular quanto da morte celular programada. É só pensar nos espaços entre os dedos: se muitas células não tivessem se suicidado na hora certa, todos nós teríamos os dedos “colados”. O processo envolve uma coreografia genética precisa: se, por algum motivo, o DNA de alguma das células programadas para morrer sofrer uma modificação inesperada, a célula em questão pode simplesmente se multiplicar fora de hora. E, pior ainda, pode fazer isso assumindo características que não têm nada a ver com o lugar do corpo onde está, ou então invadir outros órgãos em sua ânsia de virar muitas células. E nasce um tumor.
CÉLULA TRONCO “DO MAL”
O biólogo Oswaldo Okamoto, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), conta que esse processo parece ser controlado por um tipo de célula-tronco – pois é, a mesma categoria que inclui as supostas células milagrosas buscadas por médicos para reparar órgãos. Todas as partes do organismo precisam de células-tronco, que