Por que leio
Quando tiveram sua primeira filha, a mãe tinha apenas 16 anos e o pai 19. A escassez de tudo tornou a vida ainda mais difícil. Vendo a filha crescendo e as coisas cada vez piorando, resolveram migrar para a Ilha Grande próxima a cidade de Belém do São Francisco Pernambuco. Como a mãe carregava uma mágoa muito grande do pai dela por não ter deixado estudar, vendo a filha já com 10 anos fora da escola se apressou em matriculá-la o mais rápido possível. Infelizmente não encontrou mais vaga. Esperou o ano seguinte e aos 11 anos passou a frequentar a escola.
Com um sorriso do lado ao outro do rosto, uma menininha magrela que só tinha osso, mas feliz da vida, pois, agora era estudante. Ao entrar na sala de aula que cenário maravilhoso. Uma fileira de bancos uns para um lado e outros. Posição que dividia as quatro séries que estudavam naquela mesma sala, um quadro velho manchado de giz e pendurado na parede alguns livrinhos infantis. Lembro que quando comecei a ler, tinha uma vontade de mostrar para todos que eu já sabia descobrir o que estava escondido nos livros e ficava toda orgulhosa porque eu sabia histórias sobre príncipes, princesas, etc. As passagens que eu queria que estivesse ali e não estava eu criava fazendo o final ficar todo de acordo com a minha vontade. Era maravilhoso saber aquelas histórias. Porém a adolescência chegou, fui mudando de escola e séries, o gosto mudou. Os livros já não tinha mais aquele encanto de antes. As leituras obrigatórias para fazer a maldita “ Ficha de Leitura “ transformou a alegria de ler em um castigo, pois, eu não entendia aquele linguagem que meus professores insistiam em dizer que era importante. Na minha casa os meus pais não liam, por serem analfabetos. Então não podiam me ajudar em nada. E assim, o que era uma