Por favor, digite um título mais descritivo.
A
Lê atentamente o seguinte poema de Ricardo Reis.
5
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras1
Como ex-voto2 aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos Deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
PESSOA, Fernando, 2010. Poesia dos Outros Eus.
Lisboa: Assírio & Alvim (2.ª ed.)
10
15
20
25
1. altares destinados a sacrifícios. 2. objeto oferecido a um deus ou um santo, em cumprimento de um voto.
Apresenta, de forma clara e estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Identifica o modo verbal predominante no poema e justifica o seu emprego.
2. Clarifica a mensagem presente nos versos 4 e 5.
3. Mostra como se concretiza, no poema, a ideia de fatalismo.
4. Interpreta o conselho que o sujeito poético apresenta na última estrofe.
B
Num texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de oitenta a cento e trinta palavras, refere a importância da inspiração estoico-epicurista na poesia de Ricardo Reis.
Fundamenta a tua opinião com argumentos decorrentes da tua experiência de leitura deste heterónimo de Fernando Pessoa.
(Adaptado de Exame Nacional de Português B (139), 2003, 1.ª fase, 2.ª chamada)
Grupo II
Lê atentamente o texto que se segue.
5
Tenho por intuição que para as criaturas como eu nenhuma circunstância material pode ser propícia, nenhum caso da vida ter uma solução favorável. Se já por outras razões me afasto da vida, esta contribui também para que eu me afaste. Aquelas somas de factos que, para os homens vulgares, inevitabilizariam o êxito, têm, quando me dizem respeito, um outro resultado qualquer, inesperado e adverso.