Popper X Kuhn

2394 palavras 10 páginas
Popper

O positivismo foi, para Popper, mais do que uma filosofia precisa, a matriz dos dogmatismos e das ortodoxias que, em todos os domínios, ele procurou combater. No cerne dessa matriz, Popper descobriu uma concepção secular, a que identifica a ciência como uma atividade estritamente indutiva que, a partir de umas tantas observações e experiências, avança hipóteses e formula leis sobre fenômenos, procedendo depois à sua generalização e verificação. Foi esta concepção que a ingênua espistemologia da Modernidade consagrou como paradigmática no âmbito das ciências naturais e, depois, pretendeu exportar para o conjunto dos saberes e disciplinas. O positivismo de Comte foi, no século XIX, um primeiro – e frustrado – lance desta ambição imperial, que o empirismo lógico do Círculo de Viena voltou, nos anos vinte e trinta do nosso século, a assumir, então através de uma perspectiva que, combinando os clássicos preceitos positivistas com a inspiração do modelo de análise lógica proposto por Russell, deveria permitir não só uma organizada unificação da ciência como a sua blindagem em relação às suas tentações metafísicas. É desta posição que decorrem as famosas distinções entre frases «com» e «sem» sentido, que propiciam um breve, mas intenso, momento de frenesi epistemológico nos anos trinta. Para esta brevidade contribuiu decisivamente Popper, ao recuperar uma esquecida boa idéia de Hume para contestar a imagem da ciência que se encontrava na base das pretensões do positivismo e sustentar que a ciência não é de ordem indutiva mas conjectural – e que, por isso, se deve trocar as exigências da verificabilidade pelas da falsificabilidade. Tal como já fizera David Hume, Popper analisa os fundamentos lógicos do procedimento indutivo concluindo que, por maior que seja o número de observações particulares, não há justificação racional para a sua generalização a todos os casos. Como diz Popper, mesmo que se tenham observado milhares de cisnes brancos, nada nos autoriza a

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