Política: História, Ciência e Cultura

POLÍTICA: história, ciência, cultura

O texto ora apresentado busca pensar como, no Brasil das últimas décadas, se desenvolveram os chamados “estudos políticos”. Há uma grande dificuldade em delinear o campo dos trabalhos cobertos pela reflexão, uma vez que se trata de situar as questões e relações ,ao mesmo tempo competitivas e complementares, de uma produção que pode assumir contornos teórico-metodológicos mais próximos ou distantes da história, da ciência política ou, também, de outras ciências sociais. A intenção básica é concentrar a discussão nas relações entre história e política, o que só se torna possível quando um certo volume de textos nesse contexto começam a circular no país. Mais claramente, a partir dos anos de 1960, vê-se uma disseminação dos cursos de ciências sociais nas universidades; um aumento do interesse editorial pela publicação de textos políticos e também se vê crescer os contatos entre historiadores e cientistas sociais/políticos. A autora do texto que ora se coloca em discussão é por formação básica uma historiadora que, tendo-se dedicado desde meados dos anos de 1970 à pesquisa da história política, sentiu necessidade de aplicar-se teoricamente na área da ciência política para empreender estudos que se definiam crescentemente por sua inserção no campo do que veio a ser designado como “história do tempo presente”. A estratégia escolhida para “construir” o texto parte de uma série de opções – portanto, de exclusões – que devem ficar claras e que têm a ver fundamentalmente como os temas da revitalização da história política, do reconhecimento da história do tempo presente e das relações de interdisciplinaridade constitutivas de uma história política do tempo presente. Tratando-se da história política, também no Brasil, vê-se a tradição historiográfica fortemente marcada por uma produção de história político-administrativa, o que se chama de “velha história”, com predomínio de uma narrativa baseada em acontecimentos, grandes