Política Economica Sarney
O ano de 1984 fora melhor do que os 4 anos anteriores. O bom desempenho das exportações aliviara bastante a situação econômica interna. As reservas cambiais no fim do ano eram de 12 bilhões de dólares. Isso significava que o Brasil podia pagar os juros da dívida externa, sem ter de recorrer ao FMI e, ao mesmo tempo, ir renegociando a dívida com os credores internacionais. O maior problema continuava a ser a inflação que atingiu a marca de 223,8% em 1984 e 235,5% em 1985.
O Ministro da Fazenda, Francisco Dornelles, sobrinho de Tancredo Neves, optara por uma política ortodoxa. Isto é, em sua concepção era necessário reduzir os gastos públicos em 10% e proibir novas contratações para o serviço público. Embora tais medidas proporcionassem uma ligeira queda da taxa de inflação, elas provocaram divergências políticas dentro da equipe governamental. Os economistas ligados ao PMDB não se conformavam com a política econômica de cunho conservador implementada por Dornelles. O principal atrito de Dornelles se dava com o Ministro do Planejamento João Sayad.
Em agosto de 1985, Dornelles deixou o Ministério, sendo substituído por Dílson Funaro, configurando uma vitória política do PMDB. Empresário paulista e presidente do BNDES, Funaro mudou a orientação da política econômica. Em 28 de fevereiro de 1986, Funaro apresentou o Plano Cruzado, que logo caiu nas graças do povo. Pelo plano, criava-se uma nova moeda, o cruzado que substituiu o cruzeiro e cuja unidade equivalia a mil cruzeiros. Os preços foram congelados por um ano e os salários foram convertidos em cruzados, tomando como base o poder de compra médio dos últimos seis meses. Para melhorar a renda dos trabalhadores foi instituído um abono salarial de 8%.
O Plano Cruzado foi muito bem recebido pela população, animada em fiscalizar os preços denunciando os remarcadores, que desrespeitavam o congelamento. Todavia, quatro meses depois as mercadorias começam a desaparecer