Politica

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Fora a conjuntura cruel, há dois aspectos cruzados no psiquismo de Dilma e do PT que criam uma enorme dificuldade para caminharmos para fora da crise política (e da econômica, crises que se realimentam). PT e PSDB vieram praticamente dos mesmos ambientes e do mesmo momento político expansivo da sociedade brasileira, na década de 1980. Uma parte considerável de seus quadros poderiam estar inicialmente em qualquer um dos dois partidos.
Por isso são partidos reformistas muito parecidos em diversos aspectos. O esforço de negar um ao outro tem mais a ver com semelhanças do que com diferenças. Como definiu um amigo meu, essa negação caminha na direção do narcisismo das pequenas diferenças, uma rivalidade imaginária do campo dos irmãos. Os perfis que vieram a se consolidar têm muito a ver com a diferente política de alianças – sempre determinada pela exclusão de um pelo outro.
A aliança entre o PSDB e o PFL de Antonio Carlos Magalhães, em 1994, que marca a primeira inclinação à direita dos tucanos, substitui uma aliança que seria muito mais natural politicamente, com o PT. Da mesma forma, o PT no poder desenvolveu uma relação completamente promíscua com o PMDB e demais partidos fisiológicos da base (promiscuidade que está na origem de escâncalos como o mensalão e o petrolão). E foi sempre pela exclusão da possibilidade de convergir onde possível com o PSDB. Uma guinada não à direita ideológica, mas à recolha de resíduos contaminados da lixeira política, como Collor, Maluf e Sarney (que aliás veio a público dizer risivelmente que Dilma é a “sacerdotisa do serviço público”).
Há um outro problema, esse universal. É o psiquismo prometéico da esquerda (do mito de Prometeu), o clichê do herói incompreendido. Obviamente todo político, de qualquer matiz ideológico, enfrenta as mesmas escolhas éticas – mas o político de esquerda o faz como se estivesse imbuido de algum tipo de missão sagrada, que o diferencia dos outros. Nesse sentido, o político de direita é para ele o traidor

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