politica
É preciso não interpretar mal as declarações do FMI: se o FMI ganhou alguma distância em relação aos líderes europeus, não é para os convencer a abandonarem as políticas estruturais favoráveis às privatizações e ao aprofundamento da ofensiva contra as conquistas sociais do pós-Segunda Guerra Mundial. O FMI quer ganhar peso e voz nas decisões. Veremos nos próximos meses se vai continuar a defender que se deve abrandar o ritmo a que os dirigentes europeus pretendem aproximar-se do equilíbrio orçamental. Se o trabalho de alguns departamentos de investigação do FMI sustenta argumentos que vão mais ou menos contra a política dominante, a ação global do FMI não mudou uma vírgula. É essa ação que devemos combater com todas as nossas forças.
Um outro estudo do FMI que tem derramado muita tinta é o relatório sobre as Perspectivas da Economia Mundial, publicado pouco antes da assembleia mundial anual, em outubro de 2012. Nesse relatório, o FMI estuda 26 casos sobre a crise da dívida pública desde 1875, tendo como critério os exemplos em que a dívida pública foi superior a 100% do PIB. O estudo passa em revista as políticas adotadas para sair da crise. Um dos episódios analisados decorre no Reino Unido, após a Primeira Guerra Mundial. A dívida pública britânica atingiu 140% do PIB. O governo do Reino Unido implementou uma política radical de austeridade orçamental e uma política monetária restrita. O governo conseguiu um saldo orçamental primário (antes do pagamento de juros) de cerca de 7% do PIB, na década de vinte, com o objetivo de reduzir a dívida, pagando a um ritmo apertado. Mas a dívida pública não diminuiu: em 1930, atingiu 170% do PIB e, três anos mais tarde, em 1933, ascendia a 190% do PIB.
Martin Wolf, comentador do Financial Times, diz que o propósito real da política do governo britânico «foi fragilizar o movimento sindical. Essas