POLITICA INTERNACIONAL
A abordagem tradicional das relações internacionais foi pautada por alguns antagonismos clássicos, como aquele entre realistas e idealistas, por exemplo. Os antagonismos teóricos não opunham, porém, os diferentes autores no que tange à concepção acerca da noção de ator, ou seja, do personagem que, ao fim e ao cabo, seria o responsável pelas ações políticas dotadas de repercussão internacional. A noção de ator, assim, era confundida com a de Estado soberano, ou seja, aquele detentor monopolista do exercício da violência legítima, num dado território1. Pode-se lembrar, inclusive, uma certa crítica dirigida aos autores marxistas que, no início da Guerra Fria, eram os únicos a se referirem àquilo que seria um outro tipo de ator internacional: as empresas multinacionais. Com isso, concebia-se a (des) ordem internacional como produto da intervenção voluntária dos entes estatais. O equilíbrio de forças (noção tradicional na disciplina) só poderia ser atingido pelos Estados, e a forma de conflito por excelência era a guerra.
Na verdade, os instrumentos de análise da teoria das relações internacionais (que se desenvolveu nos países ocidentais centrais) foram forjados, inicialmente, para responder às inquietudes e interrogações dos Estados Unidos, acerca de seu próprio futuro. Ainda nos dias de hoje, percebemos reflexos destas questões (ligadas aos países do Norte) no bojo dos conceitos e do instrumental de análise da disciplina: Guerra fria nos anos 50 e 60, interdependência econômica nos anos 70, mundialização das trocas e globalização financeira no período subsequente. Se for lançado um olhar sobre a grade curricular dos cursos de Relações Internacionais, se constatará que esta realidade ali está refletida, pois há uma ênfase inegável no viés econômico e jurídico, em paralelo à larga formação política oferecida, mas ainda formatada a partir da ideia de Estado soberano como ator precípuo (razão pela qual a ciência política, e