Politica hoje.
Explosões sociais não são previsíveis. Menos ainda no Brasil, onde dez anos de governo do PT — que antes de chegar ao poder era o principal canal de mobilização de massas —
, neutralizaram a disposição ao protesto de rua das organizações sindicais, da sociedade civil, dos movimentos sociais e grêmios estudantis. A capacidade de cooptação do PT foi extremamente eficiente, e os grupos que ela não atingia pareciam ter caído na apatia política, em parte pela incapacidade das oposições em mobilizá-las. O PT completou o ciclo de desmobilização iniciado no governo FHC, onde a falta de bases organizadas de sustentação social e a preocupação do presidente de não se associar a uma postura populista, levaram á hegemonia do discurso tecnocrático. A desmobilização gerou apatia e descrença na política, mas não eliminou a insatisfação de uma cidadania. A melhoria das condições de vida significou igualmente novas expectativas de gastos e pressões no orçamentário familiar, pessoas mais informadas e insatisfeitas com a transferência de impostos a um estado que os devolve à população com serviços públicos de baixa qualidade e envolvidos em superfaturamentos e escândalos de corrupção. Incapazes de predizer nos resta interpretar os acontecimentos, e a primeira constatação é que pese a importância que muitos analistas têm dado ao papel das redes sociais. A ação política, aquela com consequências decisivas sobre os rumos da história, continua sendo presencial e não virtual, ela é decisiva quando tomamos as ruas e não quando clicamos nos nossos quartos na frente à tela do computador.
Certamente os novos sistemas de comunicação são mais rápidos e eficientes que o texto mimeografado utilizado pelos estudantes nos anos sessenta, o folheto tipografado pelos revolucionários dos séculos passados, ou a pichação de paredes ou textos manuscritos pregados em praças públicas antes da invenção da imprensa. Os novos meios de comunicação disseminam a