POLITICA EXTERNA DA AMERICA DO SUL
Legados e licoes para a insercao do
Brasil no mundo
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DANILO MARCONDES DE SOUZA NETO
Mestre em Relações Internacionais e professor de graduação em Relações
Internacionais da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (IRI/PUC-Rio).
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u ma análise sobre os oito anos do governo Lula não poderia deixar de incluir uma reflexão sobre os impactos desse mesmo governo na política externa e na inserção do Brasil no mundo. Os dois mandatos exercidos por Lula na Presidência fornecem um legado para a diplomacia brasileira que se projeta para além dos oito anos transcorridos.
A política externa do governo Lula tem sido avaliada de maneira variada pelos estudiosos brasileiros. José Augusto Guilhon Albuquerque identifica a existência de três agendas diferentes que, apesar de distintas, funcionam de maneira compatível, ainda que acabem por perseguir objetivos que se apresentam como conflitantes. A primeira seria uma agenda tradicional, relacionada aos objetivos tradicionais buscados pela diplomacia brasileira, como por exemplo, a não submissão aos EUA e a busca por um “ambiente externo favorável ao crescimento e à estabilidade da economia brasileira” (ALBUQUERQUE, 2005,
p. 91). As duas seguintes são a agenda pessoal, que estaria ligada a uma busca por um protagonismo no plano internacional como forma de proporcionar uma liderança doméstica ao Presidente e, por fim, uma agenda ideológica, na qual a ascensão de Lula e do
Partido dos Trabalhadores ao governo deveria estar vinculada à utilização da diplomacia como “instrumento para promover o advento de uma nova ordem mundial destinada a superar o atual processo de globalização e seu principal propulsor, a supremacia global americana” (ALBUQUERQUE, 2005, p. 92).
Para outros analistas, a chegada ao poder do governo Lula em janeiro de 2003 deve ser destacada pela mudança que provocou na política externa