Politica -eSAMC
Mas atenção: não confunda política com politicagem
Tiago Lethbridge, da EXAME Com uma sinceridade incomum, o ex-presidente de uma empresa brasileira com faturamento anual superior a 3 bilhões de reais desabafa: "A política arruinou minha carreira". Ele não se refere à corrupção do valerioduto, ao ocaso moral do PT nem às dezenas de dirceus e severinos que povoam Brasília. A tal política -- que pode levar um profissional de sucesso à obscuridade -- é o pantanoso jogo de poder existente em qualquer empresa, de qualquer lugar. No cotidiano dos negócios, são inúmeros os exemplos de sabotagens, puxadas de tapete ou conspirações urdidas junto à máquina de café. Até ser promovido a presidente, esse executivo havia sido favorecido nessa dança. "Assim que me sentei na cadeira da presidência, tudo mudou", diz ele. "Tive uma briga insana com os donos. A portas fechadas, tudo parecia normal. Nas reuniões do conselho, porém, eu era atacado por todos." Sua reação foi a menos diplomática possível. Ele simplesmente parou de obedecer aos acionistas. Apesar dos resultados excelentes, acabou demitido. "Não soube ser político, e minha vida como presidente foi curta", afirma.
A fauna política das empresas
Algumas das espécies mais comuns de animais políticos corporativos
Tatu
Não sai da toca. Fica escondido atrás do computador o dia inteiro. Ninguém percebe quando falta ao trabalho. Chega mais cedo, vai embora mais tarde e, para sua surpresa, é invariavelmente passado para trás na hora da promoção. Por isso, sente-se injustiçado e coloca a culpa de sua estagnação na politicagem.
Rato
Sua especialidade é crescer à custa do fracasso alheio. Vê a empresa como um tabuleiro de xadrez. É dissimulado e jura odiar a política corporativa, mas rouba idéias dos colegas e arma arapucas contra eles. Tatus são sua vítima