Policial
Cláudio C. Beato F.
Depto Sociologia e Antropologia da UFMG claudiobeato@crisp.ufmg.br Resumo
O objetivo deste artigo é discutir algumas estratégias comuns de atuação das polícias no sentido de subsidiar a discussão sobre possíveis direções de reestruturação e reforma das polícias no
Brasil. Ao contrário das soluções maximalistas freqüentemente propostas que envolvem mudanças constitucionais, irei argumentar em favor de soluções minimalistas no âmbito do gerenciamento e das relações da polícia com o público.
Introdução
Os últimos anos foram pródigos na exposição de eventos que colocaram as polícias brasileiras sob o foco da opinião pública. Aos episódios de Carandiru e Vigário Geral, vieram somar-se os da Favela naval, em Diadema, e Cidade de Deus, no Rio, revelando um quadro de brutalidade policial cujas raízes parecem ser mais profundas que o ato de indivíduos isolados. Além disso, os recentes movimentos de reivindicação salarial envolvendo as polícias estaduais brasileiras terminaram por adicionar um ingrediente inédito na história das polícias brasileiras, e raro na história das polícias no mundo: uma greve. Em Minas Gerais, justamente uma das força policiais mais respeitadas da federação, o movimento teve componentes de violência que terminaram por propor dramaticamente uma velha questão de sociologia política: Quis custodiet ipsos/Custodes? (“Quem guardará os próprios guardas?”). Finalmente, mas não menos importante, o incremento das taxas de criminalidade violenta nos grandes centros urbanos tem colocado cada vez mais em questão a eficiência das organizações policiais em sua função de controle da criminalidade. A polícia, o segmento mais visível do sistema de justiça criminal vê-se incapaz de lidar com o acelerado crescimento da criminalidade urbana violenta durante os anos 80 e 90 (Beato et ali, 1998. Soares et alii, 1996. Adorno, 1998. Feiguin, D. e Lima, R.S.: 1995. Caldeira, T.