poesias
O poeta nasceu em Taquaritinga - SP, em 22 de julho de 1926. Neto de um livreiro e filho de um caixeiro-viajante, José Paulo Paes, como não conseguiu ingressar no curso de Química Industrial do Mackenzie, veio para Curitiba, onde onde formou-se no curso pretendido, onde começou na Literatura e onde juntou-se a artistas e escritores que freqüentavam o Café Belas-Artes (um bar paranista que ficava em frente à livraria Ghignone). Na capital do Paraná, ele tornou-se amigo do poeta Glauco Flores de Sá Brito, do contista e crítico de cinema Samuel Guimarães da Costa, do crítico de arte Eduardo Rocha Virmond e do pintor Carlos Scliar. Também fez parte do grupo da livraria Ghignone. José Paulo Paes escreveu na revista JOAQUIM fundada por Trevisan (essa revista circulou nos anos 40).
Em 1947, José Paulo Paes publicou seu primeiro livro de poemas - O ALUNO - que recebeu uma crítica severa de Carlos Drummond de Andrade, segundo qual Paes se procurava nos outros, isto é, era um poeta que não tinha luz própria.
Radicando-se em São Paulo em 1949 e lá exercendo a profissão de químico, Paes torna-se amigo de Graciliano Ramos, de Jorge Amado e de Oswald de Andrade. A partir de 1952, quando publicou seu segundo livro, Paes conseguiu ter luz própria no universo da poesia brasileira, publicando doze livros de poemas.
Paes abandonou a profissão de químico e trabalhou durante vinte e cinco anos como tradutor de escritores gregos, dinamarqueses, italianos, norte-americanos e ingleses. José Paulo Paes morreu em 1998.
José Paulo Paes
Cadê
Nossa! que escuro!
Cadê a luz?
Dedo apagou.
Cadê o dedo?
Entrou no nariz.
Cadê o nariz?
Dando um espirro.
Cadê o o espirro?
Ficou no lenço.
Cadê o lenço?
Dentro do bolso.
Cadê o bolso?
Foi com a calça.
Cadê a calça?
No guarda-roupa.
Cadê o guarda-roupa?
Fechado a chave.
Cadê a chave?
Homem levou.
Cadê o homem?
Está dormindo de luz apagada.
Nossa! que escuro!