POESIAS DE GREG RIO DE MATOS
POESIA RELIGIOSA
"A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR"
Pequei, Senhor; mas não por que hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido:
Porque, quanto mais tenho delinqüido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-a ; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
ANÁLISE
Esta é uma poesia religiosa de Gregório de Matos, que apresenta uma regularidade formal (métrica e rítmica), sendo que, questiona o mundo e os homens. Abordando dessa forma os valores religiosos. Apresenta versos decassílabos (versos com dez sílabas poéticas), rimas regulares, ou seja, rimas opostas ou interpoladas nos dois quartetos (ABBA/ABBA) e rimas mistas nos dois tercetos (CDE/CDE).
Nos temas que abrange a religiosidade, Gregório de Matos, destaca o medo da punição divina, o desespero pela busca do perdão, sendo que geralmente, se associam esses princípios ao arrependimento na hora da morte, pois isso reflete, a vários fatores, um deles é o clero por ter explorado as populações ingênuas com a venda de indulgências, e prometendo ainda, que quanto mais pagassem a igreja mais era garantido seu lugar no céu. Vale ressaltar também, que o homem barroco não era um homem feliz, pois vivia dividido entre as conquistas do pensamento renascentista e a necessidade de volta-se para Deus, buscando o perdão de seus pecados.
Gregório utiliza um vocabulário rico e reverente. E nesta poesia retrata justamente a época que vivia, a culpa X perdão, denotando dessa forma toda a angústia que sentia, pois Gregório tinha fé em Deus, só apenas era inconformado com as hipocrisias das religiões de sua época, como o tráfico de relíquias, século XVI.
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