Poesia simbolistas
Uma visão do tenebroso Limbo.
Soturna e sepulcral, tens a teu lado:
Por um artista foi este cachimbo
À feição de caveira burilado.
Vê tu, formosa, é um crânio em miniatura
Onde tua caveira vou revendo:
O vazio das órbitas fulgura,
Sinistramente, quando à noite o acendo.
E às vezes, quando o eterno ideal me abrasa
O crânio, no cachimbo os olhos ponho:
Há também dentro dele fogo e brasa,
Sobe o fumo e desfaz-se como um sonho.
E quando à noite o acendo, a sua boca
Transparente e magoada se clareia:
E ri-se, e eu rio ao vê-la, aberta e louca,
Toda de beijos e de afagos cheia
O leito
Ontem, à meia-noite, estando junto
A uma igreja, lembrei-me de ter visto
Um velho que levava às costas isto:
Um caixão de defunto.
O caso nada tem de extraordinário.
Quem um velho a levar um caixão tal
Inda não viu? É um fato quase diário
Em qualquer bairro de uma capital.
Mas é que ia de modo tal curvado
Para o chão, e afalar tão baixo e tanto,
Que, manso e manso, e trêmulo de espanto,
Fui seguindo a seu lado.
Disse-lhe assim: “Talvez seja demência
Quem guie os passos todos que tu dês;
Ou és então, na mísera existência,
Um miserável bêbedo, talvez.”
O olhar fito no chão, como desfeito
Em sangue,o velho, sem me olhar, seguia.
E ouvi-lhe a única frase que dizia:
— “Vou levando o meu