Poesia Satírica - Gregório de Matos
“Eu sou aquele, que os passados anos cantei na minha lira maldizente torpezas do Brasil, vícios e enganos”
1. RESUMO BIOGRÁFICO
Gregório de Matos e Guerra nasceu na cidade da Bahia (1636), filho de pais abastados. Estudou com os Jesuítas. Aos 14 anos seguiu para Coimbra, onde estudou Direito. Casou-se com D. Michaella de
Andrade, filha de um desembargador. Desempenhou a função de procurador da Bahia e juiz em Portugal, mas suas atitudes iconoclastas fizeram-no cair em desgraça com o próprio rei.
Retornou ao Brasil, em 1682, nomeado para funções na burocracia eclesiástica da Sé da Bahia. Durou pouco no cargo, do qual foi destituído em 1683. Iniciou-se, então, a última fase de sua vida: O casamento com
Maria dos Povos, a quem dedicou belos sonetos, não impediu a decadência, social e profissional do Dr. Gregório. Ficou famoso em suas andanças e pândegas pelos engenhos do Recôncavo. Presenciou e refletiu “a doce vida baiana”. Assumiu-se independente e desvinculado de tudo e de todos para melhor registrar os costumes do povo e as relações sociais, econômicas e políticas entre a Corte e a Colônia.
O poeta nada publicou em vida. Seus textos circularam apócrifos, causando, tempos depois, problemas de identificação de sua fecunda arte. Não foi um poeta genial, mas foi um poeta engenhoso com relação aos problemas coletivos. Foi, na colônia, o que é hoje “O Casseta e Planeta”.
Graças à poesia satírica: maledicente, virulenta e maldosa, ganhou a alcunha de “Boca do Inferno”. Sua sátira agride a tudo e a todos e espalhou-se entre o povo humilde que lhe conferiu o papel de www.literapiaui.com.br 1
POESIA SATÍRICA, Gregório de Matos
porta-voz de suas dores. Morreu em 1696 em Recife, após voltar de
Angola.
2. CONTEXTO EUROPEU E BRASILEIRO
Para entendermos o Barroco, devemos lembrar o Renascimento e o Maneirismo, pois ambos fornecem as bases ideológicas do Barroco. O Renascimento ocupou todo o século XVI,