Poemas de Portugal e Brasil do século XIX
Teu nome foi um sonho do passado;
Foi um murmúrio eterno em meus ouvidos;
Foi som de uma harpa que embalou-me a vida
Foi um sorriso d'alma entre gemidos!
Teu nome foi um eco de soluços
Entre as minhas canções, entre os meus prantos;
Foi tudo que eu amei, que eu resumia:
Dores...prazer...ventura...amor...encantos!
Escrevi-o nos troncos do arvoredo,
Nas alvas praias, onde bate o mar;
Das estrelas fiz letras - soletrei-o,
Por noite bela, ao mórbido luar!
Escrevi-o nos prados verdejantes
Com as folhas da rosa ou da açucena!
Oh! quantas vezes na asa perfumada
Correu das brisas em manhã serena!
Mas na estrela morreu: caiu nos troncos;
Nas praias se apagou; murchou nas flores;
Só guardado ficou-me, aqui, no peito
- Saudade ou maldição por teus amores.
O sono de um anjo
Quando ela dorme, como dorme a estrela
Nos vapores da tímida alvorada,
E a sua doce fronte extasiada,
Mais perfeita que um lírio, e tão singela ,
.
Tão serena, tão lúcida, tão bela,
Como dos anjos a cabeça amada, epousa na cambraia perfumada,
Eu velo absorto o casto sono dela.
.
E rogo a Deus, enquanto a estrela brilha,
Deus que protege a planta e a flor obscura,
E nos indica do futuro a trilha,
.
Deus, por quem toda a criação se humilha,
Que tenha pena dessa criatura,
Desse botão de flor — que é minha filha.
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar