poema
Já lá vai Pedro Soldado Soldado número tal num barco da nossa armada só a morte é que foi dele. e leva o nome bordado Jaz morto. Ponto final. num saco cheio de nada. O nome morreu com ele.
Triste vai Pedro Soldado. III
Branda rola não faz ninho Deixou um saco bordado. nas agulhas do pinheiro E era Pedro Soldado. nem é Pedro marinheiro nem no mar é seu caminho.
Nem anda a branca gaivota pescando peixes em terra nem é de Pedro essa rota dos barcos que vão à guerra.
Nem anda Pedro pescando nem no mar deitou a rede no mar não anda lavrando soldado a mão se despede do campo que se faz verde onde não anda ceifando
Pedro no mar navegando.
Onde não anda ceifando já o campo se faz verde e em cada hora se perde cada hora que demora
Pedro no mar navegando.
E já Setembro é chegado já o Verão vai passando.
Não é Pedro pescador nem no mar vindimador nem soldado vindimando verde vinha vindimada.
Triste vai Pedro Soldado e leva o nome bordado num saco cheio de nada.
Romance da noite não
Nem cigarras nem besoiros só silencio e solidão
a noite soltou seus toiros a noite soltou se não
Já Novembro traz os lutos galopam cavalos loucos
terra pouca para muitos terra muita para poucos
Entre uma praça e outra praça só noite noite se escuta
A noite com sua taça de revolta de cicuta
a noite com seus morcegos a noite com seus motores
a noite com sua puta.