Poema sobre o Minotauro
O seu mais vazio fruto2 com Europa reinava
Após a sua inveja ter batalhado
Com o sangue do seu sangue3
Que bifurcou-se e enraizou-se na Lícia
E na efervescente Beócia.
O cretense rei descaracterizado
Com a irmã da feiticeira Circe4 casou-se
Ditando, assim, o seu destino
Num ciclo labiríntico escabroso.
Primeiro, foram as bestas
Que do seu corpo saíam
Arrancando a vida a qualquer mulher
Que não fosse a sua legítima
Até que a raiz de Prócris5
O feitiço do ciúme quebrou.
O fio6 de Minos pronto ficou
Quando um grito hediondo por Creta atroou
Meio homem, meio touro
Uma hibridez simbolizadora do horror.
Astérion7
Do útero de Pasífae irrompeu
Consumando o castigo
Que Posídon a Minos deu.
Porque o filho de Zeus
A Posídon curvou-se
Para que o trono não escapa-se-lhe
Prometendo ao poderoso deus
Um sacrifício sumptuoso
Que deixaria o Olimpo imerso
Na zelotipia perversa.
Demasiadas vidas ceifadas
Levaram o filho de Egeu9 a pronunciar-se:
Munido com a espada do pai
Jurou libertar Atenas desta injusta condenação
E matar o temido monstro.
No leque de jovens o herói à oferta sórdida juntou-se
Deixando que as ondas do mar o empurrassem
Para o terrível perigo que o aguardava.
Mas eis que a sua salvação
Prematuramente
Surgiu:
Ariadne,
A linda filha do tirano10
Pelo jovem de Ática perdidamente apaixonou-se
E
Conhecendo que era um dos escolhidos
Para no labirinto perecer
Depressa o seu coração parou.
Porque mais puro do que o amor de um anjo não há,
A bela mulher menina,
Contra o próprio pai colocou-se,
Oferecendo a Teseu a solução
Para do labirinto do seu meio-irmão conseguir, vitorioso,
Escapar.